"Não quero ser compreendido, quero ser
sentido"
commons.wikimedia.org/wiki/File:Nijinsky_ (1890-1950)_photographed_at_Krasnoe_ Selo,_summer_1907.jpg |
Filho de bailarinos Poloneses entrou no mundo da dança bem cedo. Seus
pais se apresentavam em circos e teatros e desde os quatro anos de idade ele
participava dançando nas apresentações dos pais.
Após o divórcios dos pais, ele e sua mãe mudaram-se para São Petersburgo,
na Rússia. Aos nove anos de idade, com o apoio de sua mãe, iniciou seus estudos
de dança na escola de ballet do Teatro Imperial.
Aos dezoito anos teve seu
primeiro papel de destaque, em Le Pavillon d’Armide onde dançou com a bailarina
Anna Pavlova. No ano seguinte, em 1909, é apresentado ao empresário e diretor
de ballet Sergei Diaghilev (1872-1929) através de seu então namorado, o
príncipe Pavel Lvov. É convidado por Sergei Diaghilev pra viajar para Paris com
sua companhia de ballet, na qual obteve reconhecimento internacional.
Carismático e de forte personalidade, Diaghilev
dirigia com firmeza o Ballets Russes, criado por ele em 1909 com o objetivo de
sacudir a melancolia que acreditava ter feito o ballet estacionar no tempo. O
empresário, que tinha o sonho de deixar a dança russa como as da Europa,
utilizava naquela época o talento do coreógrafo Michel Fokine (1888-1942), dos
cenógrafos Leon Bakst /1866-1924) e Alexandre Benois (1870-1960), e dispunha de
estrelas de grande importância, como a legendária Anna Pavlova (1881-1931).
De uma vida cheia de polêmicas, esquizofrênico,
talentoso, genial, para os críticos o bailarino russo Vaslav Nijinsky era
dotado de uma técnica extraordinária, chocava a platéia com a ousadia de sua arte, porém fora
dos palcos, era apenas uma criatura frágil e dependente.
O primeiro papel de destaque de Nijinsky depois que
conheceu Diaghilev foi como Albrecht, em Giselle, que estreou em Paris em 1911.
Com o mesmo papel o bailarino protagonizou seu primeiro escândalo: Solicitado
por Diaghilev, ele dançou sem o calção que cobria seu leotard (collant). A
performance ocorreu em São Petersburgo, em que estava presente a família
imperial. A polêmica teve efeito imediato, no dia seguinte Nijinsky foi
demitido do corpo de ballet do teatro Mariinsky. Alguns acreditavam que o episódio
foi estrategicamente proposital de Diaghilev para que Nijinsky perdesse o
emprego e se tornasse exclusivo dos Ballets Russes.
commons.wikimedia.org/wiki/File:Tamara_ Karsavina_Vaslav_Nijinsky_Giselle_1910_02.jpg |
Em setembro de 1913, os Ballets Russes vem para a América do Sul
para fazer uma turnê pelo Rio de Janeiro e Buenos Aires. Por ser uma viagem
marítima, Diaghilev não veio. Já que sentia pavor de viajar em navios, desde
que uma cigana havia previsto que morreria afogado, Diaghilev evitava a
qualquer custo aventurar-se ao mar.
A apresentação a Diaghilev –
um divisor de águas na vida de Nijinsky – lhe causou forte impressão, já que
seu relacionamento com Diaghilev havia sido marcado por paixão e desespero. O
relacionamento dele com Diaghilev ficou bastante abalado quando ele atormentado
pelo ciúmes que sentia por Diaghilev precipitadamente casou-se com a bailarina
da companhia, Romola de Pulszkie, em 1913, em Buenos Aires durante a turnê.
Ao saber do
casamento de Nijinsky com Romola de Pulszkie, Diaghilev o demite.
Durante a I Guerra Mundial esteve internado em um campo de concentração na Hungria, de onde só saiu em 1916 por pedido de Diaghilev. Voltou a fazer parte da companhia nesse mesmo ano, nos Estados Unidos.
Marca na Dança
Um deus de sapatilhas que jamais soube conviver com as limitações
impostas pela convivência social. Muitos chamava-o e o chamam até hoje de
"deus da dança", a "oitava maravilha do mundo" e o
"Vestris do Norte" (referência ao bailarino francês Auguste Vestris).
Dono de personalidades contrárias, Nijinsky teve um grande e
importantíssimo papel na revolução do ballet no início do século XX,
conciliando sua técnica com um poder de sedução da plateia, os seus saltos
pareciam desafiar a lei da gravidade.
commons.wikimedia.org/wiki/Vaslav_ Nijinsky#/media/File:Nijinsky,_Le_ Spectre_de_la_Rose,_1911.jpg |
Três coreografias assinadas por Nijinsky –
“L’Après Midi d’un Faune”, “Jeux” e “Le Sacre du printemps" –
revolucionaram à dança.
L’AprèsMidi d’un Faune ( à Tarde de um Fauno) causou um escândalo sem
precedentes ao ser apresentada em Paris a 13 de maio de 1912, já que contava a
história de um fauno que tocava sua flauta nos bosques e ficou excitado com a
passagem de ninfas e náiades, tentou alcançá-las em vão. Então, muito cansado e
fraco, caiu em um sono profundo e passou a sonhar com visões que o levou a
atingir os objetivos que dentro da realidade não tinha alcançado.
Le Sacre
du printemps (A Sagração da Primavera) estreado no Teatro dos Campos
Elísios de Paris em 29 de maio de 1913. Conta a história de uma jovem que
pertence a uma tribo celta e, segundo um ritual primitivo, tem de ser
sacrificada a um Deus da Primavera, com o objetivo da tribo conseguir boas
colheitas naquele ano.
Jeux (jogos)
estreada em 15 de maio de 1913 no Théâtre des Champs-Élysées , em Paris.
Contava sobre uma partida de tênis.
As duas coreografias,
"Jeux" e "Le Sacre du printemps" não tiveram o
reconhecimento que o bailarino esperava.
Morte
Em 1919, aos 29
anos, diagnosticado com distúrbio mental (esquizofrenia), dançou pela última
vez e assim abandonou os palcos para sempre. A esquizofrenia do bailarino
caracterizava-se, sobretudo pela desordem de pensamento. Até completar 60 anos,
ele passou por inúmeras clinicas psiquiátricas.
Morreu em uma
clínica em Londres, em 8 de abril de 1950. Nijinsky foi sepultado junto ao
bailarino francês Auguste Vestris, no cemitério de Montmartre, em Paris, já que
era conhecido como Vestris do Norte.